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A dança dos caminhões da Boeing: como é feito o transporte terrestre de aeronaves?

A dança dos caminhões da Boeing: como é feito o transporte terrestre de aeronaves?

Com partes de aeronaves produzidas em várias regiões do planeta, a Boeing conta com uma gigante logística para fazer com que todas as peças se encontrem no mesmo lugar para dar a forma definitiva a seus aviões. Entre as diversas iniciativas de distribuição global, no entanto, merece destaque aquela que é uma verdadeira performance artística nas estradas: a Boeing escala enormes caminhões para transportar partes de aviões com até 30 metros de comprimento – praticamente o tamanho médio de uma asa, por exemplo – em um esquema especial que demanda manobras que mais se assemelham a um espetáculo cuidadoso e bem pensado de balé e contorcionismo.

Tanta atenção, complexidade e imponência são facilmente justificáveis: um Boeing 747-8, por exemplo, tem impressionantes 75 metros de comprimento e 19 metros de altura. Transportar em solo gigantes feitos para tomar os céus e que custam milhões de dólares realmente exige uma expertise única e, claro, muito espaço.

Não bastasse a ampla complexidade, a locomoção é executada por apenas três pessoas: o motorista do caminhão, o piloto de carro que trafega à frente ou atrás do veículo principal, e o condutor do chamado steer car, que, literalmente debaixo do caminhão, manobra a parte traseira em curvas e mudanças de pistas. Os três profissionais estão em contato constante durante, por exemplo, o percurso de 113 quilômetros entre as unidades de Frederickson e Everett, no estado de Washington (Estados Unidos).

Um dos “bailarinos” é Rick Colton, que há 36 anos apresenta com maestria o espetáculo do transporte terrestre de aeronaves. Com 4,8 milhões de quilômetros na conta, Colton já poderia ter feito sete viagens de ida e volta entre a Terra e a Lua. Ele é um dos funcionários que fica no pequeno espaço do steer car, que, sem freios ou qualquer sinalização, apenas segue o fluxo de movimento do caminhão e executa manobras em determinados trechos.

“É tudo uma questão de trabalho em equipe. Eu acredito nos meus parceiros e isso me mantém confiante”, explica Colton.

Apesar do peso total dos caminhões, o tamanho dos veículos e o espaço utilizado nas pistas, engana-se quem pensa que o transporte é lento. Pode até ser em velocidade reduzida se comparado ao fato de que um B747-8 cruza, em apenas um segundo, o equivalente a três campos de futebol de dimensões internacionais, mas os veículos desempenham uma velocidade invejável, faça chuva ou faça sol, para ajudar a Boeing a entregar seus produtos sempre no prazo.

Os gigantes são acompanhados de perto pelo veículo que carrega uma identificação amarela, suficiente para chamar a atenção de quem trafega por perto: Oversized load. É impossível deixar de notar a movimentação, sobretudo com cinco viagens deste porte realizadas diariamente em Washington.

As peças transportadas por terra são, majoritariamente, dos modelos 747, 767 e 777. Ao chegar no destino final, os caminhões são descarregados e começa, então, uma nova etapa, que envolve, enfim, a montagem definitiva das aeronaves. Tudo para que, semanas ou meses depois, os jatos ganhem os ares e levem os passageiros para dentro da experiência Boeing, ao lado das mais reconhecidas companhias aéreas globais.

Confirma mais detalhes no vídeo a seguir (em inglês).